Livros, filmes e brincadeiras são divertidos porque permitem que  você escape da realidade – e de si mesmo – por um certo período de  tempo. À medida que a história se desenrola, você vai fazendo um balanço  das experiências vividas pelos personagens para no final ser devolvido  aqui, neste mundo, ainda mantendo um certo gostinho de aventura por ter  ficado "temporariamente perdido em um universo paralelo".
Pessoas  que sofrem de Distúrbios Dissociativos "escapam" da realidade de modo  involuntário e pouco saudável, perdendo a memória ou achando que são  outra pessoa. Estes distúrbios costumam surgir como resposta a certos  traumas, ansiedades ou lembranças muito dolorosas.
Acredita-se que cerca de 7% da população mundial experimentam um episódio de Distúrbio Dissociativo durante sua vida.
Este  tipo de psicopatologia, diz respeito à dissociação da mente  humana,  resultando daí, o surgimento de novas identidades dentro de uma  só  mente. Cada qual com sua própria personalidade, princípios e valores   distintos entre si. 
A causa para surdir este processo  dissociativo, está  profundamente ligado ao emocional, e uma das causas  mais freqüentes que  ensejam seu surgimento, é o abuso sexual na  infância . Ocorre pelo fato  de a pessoa sofrer algum choque emocional, e  que por não conseguir lidar  com tal situação, tende a se proteger do  mesmo, criando, a partir do  trauma, novas identidades, denominadas  álteres-ego, para que, a estas,  caibam a sustentação de todo peso  emocional.
A característica essencial do transtorno  Dissociativo é a presença de  duas ou mais identidades ou estados de  personalidade distintos, que  recorrentemente assumem o controle do  comportamento. Existe a  incapacidade de recordar informações pessoais  importantes, cuja extensão  é demasiadamente abrangente para ser  explicada pelo esquecimento  normal. A perturbação não se deve a afeitos  fisiológicos diretos de uma  substância ou de uma condição médica  geral. O Transtorno Dissociativo de  Identidade reflete um fracasso em  integrar vários aspectos da  identidade, memória e consciência. Cada  estado de personalidade pode ser  vivenciado como se possuísse uma  história pessoal distinta, auto-imagem  e identidades próprias,  inclusive um nome diferente. Em geral existe  uma identidade primária,  portadora do nome correto do indivíduo, a qual é  passiva, dependente,  culpada e depressiva
Quase todos (97 a 98%) os adultos com  distúrbio dissociativo da  identidade relatam ter sofrido algum tipo de  abuso durante a infância.  Isso pode ser documentado para 85% dos  adultos e 95% das crianças e  adolescentes com distúrbio dissociativo da  identidade. 
 
Entretanto, ocorrendo a existência de várias  identidades, outras  situações contribuem para o trauma. Dificuldades e  frustrações de  qualquer monta, tornam-se insuportáveis, pois o  portador deste tipo de  distúrbio é psicologicamente vulnerável, sendo,  portanto, passível da  criação de quantas personalidades se fizerem  necessárias.  
Ás vezes em uma única mente existem centenas de   outros " eus", tendo  cada um deles sua história, sentimentos e  comportamentos específicos.  Não raro, chegam a ter outra cultura e até  mesmo terem sotaques  estrangeiros, como também alguns podem ser  religiosos e outros  totalmente avessos aos costumes e a moral  predominante. 
O indivíduo portador deste distúrbio, dificilmente  tem controle  sobre seu outro " eu", pois a personalidade dominante, que  é o ego, não tem  conhecimento das demais. Sucede disso o obstáculo de  ter ele, uma vida  regular, haja vista, que, por cada outro " eu"  possuir seu próprio estilo de  vida, com gostos e preferências, não  aceita consequentemente, o estilo  do outro. Por exemplo, no caso de um  indivíduo múltiplo amar gatos, pode  ocorrer de uma das personalidades  os odiar, a partir daí passando a  ocorrer fatos, os quais não consegue  entender, como no caso de se  recolher para dormir e deixar os animais  dentro de casa, não havendo  possibilidade de saírem, e ao acordar não  mais os encontrar. A partir de  fatos como este, é capaz de desenvolver  outros distúrbios, como mania  de perseguição, fobias, entre tantas  outras. 
Os indivíduos com distúrbio dissociativo da identidade  freqüentemente  são alertados sobre coisas que fizeram, mas não  conseguem se lembrar de  tê-las realizado. Outras pessoas também podem  comentar sobre mudanças de  comportamento de que eles não se lembram.  Eles podem descobrir objetos,  produtos ou papéis escritos que não  conseguem explicar e nem  reconhecer.
No período em que um outro "  eu" assume o controle, as demais identidades,  ficam em estado de  amnésia parcial, não tendo, portanto, conhecimento  das ações praticadas  pelas outras, sendo assim, freqüente a existência  de uma personalidade  que envolve-se em drogas ou até mesmo com coisas  muito mais graves,  tais como agressões, furtos, roubos e assassinatos.
Em suma, são personalidades totalmente distintas e independentes, mas  que fazem parte da mente de um só indivíduo. 
Após  diagnosticada tal dissociação o tratamento é rigoroso e  demorado, e  quando da prática de um ilícito, recai o indivíduo, portador  de tal  distúrbio, na ininputabilidade, pois não é capaz de  determinar-se  quanto ao ato praticado.