segunda-feira, 2 de maio de 2011

Distúrbios Dissociativos - Dupla personalidade




Livros, filmes e brincadeiras são divertidos porque permitem que você escape da realidade – e de si mesmo – por um certo período de tempo. À medida que a história se desenrola, você vai fazendo um balanço das experiências vividas pelos personagens para no final ser devolvido aqui, neste mundo, ainda mantendo um certo gostinho de aventura por ter ficado "temporariamente perdido em um universo paralelo".

Pessoas que sofrem de Distúrbios Dissociativos "escapam" da realidade de modo involuntário e pouco saudável, perdendo a memória ou achando que são outra pessoa. Estes distúrbios costumam surgir como resposta a certos traumas, ansiedades ou lembranças muito dolorosas.

Acredita-se que cerca de 7% da população mundial experimentam um episódio de Distúrbio Dissociativo durante sua vida.

Este tipo de psicopatologia, diz respeito à dissociação da mente humana, resultando daí, o surgimento de novas identidades dentro de uma só mente. Cada qual com sua própria personalidade, princípios e valores distintos entre si.
A causa para surdir este processo dissociativo, está profundamente ligado ao emocional, e uma das causas mais freqüentes que ensejam seu surgimento, é o abuso sexual na infância . Ocorre pelo fato de a pessoa sofrer algum choque emocional, e que por não conseguir lidar com tal situação, tende a se proteger do mesmo, criando, a partir do trauma, novas identidades, denominadas álteres-ego, para que, a estas, caibam a sustentação de todo peso emocional.
A característica essencial do transtorno Dissociativo é a presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos, que recorrentemente assumem o controle do comportamento. Existe a incapacidade de recordar informações pessoais importantes, cuja extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo esquecimento normal. A perturbação não se deve a afeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral. O Transtorno Dissociativo de Identidade reflete um fracasso em integrar vários aspectos da identidade, memória e consciência. Cada estado de personalidade pode ser vivenciado como se possuísse uma história pessoal distinta, auto-imagem e identidades próprias, inclusive um nome diferente. Em geral existe uma identidade primária, portadora do nome correto do indivíduo, a qual é passiva, dependente, culpada e depressiva

Quase todos (97 a 98%) os adultos com distúrbio dissociativo da identidade relatam ter sofrido algum tipo de abuso durante a infância. Isso pode ser documentado para 85% dos adultos e 95% das crianças e adolescentes com distúrbio dissociativo da identidade.
Entretanto, ocorrendo a existência de várias identidades, outras situações contribuem para o trauma. Dificuldades e frustrações de qualquer monta, tornam-se insuportáveis, pois o portador deste tipo de distúrbio é psicologicamente vulnerável, sendo, portanto, passível da criação de quantas personalidades se fizerem necessárias.
Ás vezes em uma única mente existem centenas de outros " eus", tendo cada um deles sua história, sentimentos e comportamentos específicos. Não raro, chegam a ter outra cultura e até mesmo terem sotaques estrangeiros, como também alguns podem ser religiosos e outros totalmente avessos aos costumes e a moral predominante.
O indivíduo portador deste distúrbio, dificilmente tem controle sobre seu outro " eu", pois a personalidade dominante, que é o ego, não tem conhecimento das demais. Sucede disso o obstáculo de ter ele, uma vida regular, haja vista, que, por cada outro " eu" possuir seu próprio estilo de vida, com gostos e preferências, não aceita consequentemente, o estilo do outro. Por exemplo, no caso de um indivíduo múltiplo amar gatos, pode ocorrer de uma das personalidades os odiar, a partir daí passando a ocorrer fatos, os quais não consegue entender, como no caso de se recolher para dormir e deixar os animais dentro de casa, não havendo possibilidade de saírem, e ao acordar não mais os encontrar. A partir de fatos como este, é capaz de desenvolver outros distúrbios, como mania de perseguição, fobias, entre tantas outras.
Os indivíduos com distúrbio dissociativo da identidade freqüentemente são alertados sobre coisas que fizeram, mas não conseguem se lembrar de tê-las realizado. Outras pessoas também podem comentar sobre mudanças de comportamento de que eles não se lembram. Eles podem descobrir objetos, produtos ou papéis escritos que não conseguem explicar e nem reconhecer.

No período em que um outro " eu" assume o controle, as demais identidades, ficam em estado de amnésia parcial, não tendo, portanto, conhecimento das ações praticadas pelas outras, sendo assim, freqüente a existência de uma personalidade que envolve-se em drogas ou até mesmo com coisas muito mais graves, tais como agressões, furtos, roubos e assassinatos.

Em suma, são personalidades totalmente distintas e independentes, mas que fazem parte da mente de um só indivíduo.
Após diagnosticada tal dissociação o tratamento é rigoroso e demorado, e quando da prática de um ilícito, recai o indivíduo, portador de tal distúrbio, na ininputabilidade, pois não é capaz de determinar-se quanto ao ato praticado.

3 comentários:

  1. Demorei um bom tempo! Mais volto a escrever nesse canto tão prazeroso e tão particular que é o universo da psicologia e da psicanálise.
    Trago em suma um tema que vejo muito pouco a se comentar que é sobre Transtorno Dissociativo.

    Espero que gostem!

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  2. Foi uma boa leitura, mas parece-me um pouco "textbook". O transtorno não se manifesta da mesma forma em todos os indivíduos. É possível que um indivíduo se lembre de quando um alter (não um "outro eu". Simplesmente...não.) assume o controlo do corpo. No entanto, gostei do seu uso do termo "tratamento", ao invés de "cura". Com um pouco mais de pesquisa, creio que teria potencial para ser um óptimo artigo.

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