terça-feira, 12 de abril de 2011

Stress pos traumático na posição da psicanálise.



Segundo o DSM-IV o Transtorno de Stress Pós Traumático caracteriza-se por exposição a evento traumático onde a pessoa foi confrontada com a morte ou grave ferimento reais ou ameaçados, em si ou em pessoas próximas, com resposta envolvendo intenso medo, impotência ou horror. O evento traumático é persistentemente revivido em recordações aflitivas, recorrentes e intrusivas; sonhos aflitivos recorrentes com o evento; agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente (flashback); presença de esquiva a estímulos relacionados ao trauma e entorpecimento da responsividade geral; e ainda sintomas persistentes de excitabilidade aumentada.

Minha tese neste texto é que um importante intercâmbio psicanálise/psiquiatria pode se estabelecer ao articular a descrição fenomenológica psiquiátrica do Transtorno de Stress Pós Traumático, estabelecida com os propósitos de readaptação, em geral através do uso do uso de psicofármacos, a uma abordagem psicanalítica que pode dividir estes mesmos sintomas em dois conjuntos: um conjunto como manifestação de uma insuficiência do simbólico (desamparo) e outro como fixação e satisfação pulsional (gozo).

A abordagem do tratamento deve assim visar por um lado a subjetivação/elaboração do ocorrido possibilitando ao sujeito historificar o trauma e se posicionar frente a ele, possibilitando inclusive ao sujeito se responsabilizar por ele, não somente no sentido das possíveis determinações inconscientes que levaram ao ocorrido, mas também à responsabilização no sentido de que todo sujeito é um sujeito em formação, ou seja, após o trauma não existe mais o sujeito não traumatizado, e ele tem que posicionar no mundo apartir disto.
 
Por outro lado o psicanalista precisa estar atento a posição de intensa fixação pulsional, de empuxo a gozar destes sujeitos e da certeza da perversidade do Outro. Sem aceder a dimensão pulsional do problema o tratamento fica exposto às repetições que podem estagnar a vida do indivíduo.

No horizonte fica a questão a se pesquisar se a experiência do trauma e também do tratamento psicanalítico, na medida em que o psicanalista pode ocupar o lugar do trauma, podem alterar o caráter de uma pessoa, para além das formações sintomáticas.
Esta me parece ser uma aposta da psicanálise, claramente da psicanálise Lacaniana. Cabe ao analista assumir tal aposta na pratica clínica.

Referências: 

Manual diagnóstico e estatísitco de Transtornos Mentais - 4°edição.(DSM IV).
 
Além do Princípio do Prazer. S. Freud. Edição eletrônica das obras completas de S.Freud.

FREUD, S. (1914a). Recordar, repetir e elaborar. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 12. Rio de Janeiro: Imago, 1990, p. 189-203.

3 comentários:

  1. Trago aqui uma suncita observação frente essa patologia, todavia é necessario para comprender tal transtorno uma leitura aprofundada em alguns conceitos psicanalíticos como trauma, desamparo e compulsão a repetição.

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  2. Acredito que a intervenção psicoterapêutica é um recurso necessário para que o sujeito possa reorganizar seu padrão de funcionamento e continuar seu processo de vida de modo mais saudável. Pois essa revivescência, desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais. Sendo um dos objetivos da psicoterapia é ensinar um auto-gerenciamento do estresse que possa servir como habilidade ao longo de toda a vida da pessoa. Estou certa Dr. Danilo?

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  3. Sim! Porem any faz necessário uma resalva pois esse auto-gerenciamento, pode ser readequada a uma terminologia psicanálitica bem interessante, que é a retificação subjetiva. Porem adorei o comentário muito bom!

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